Cacique Jamopoty recebe título de Doutora Honoris Causa por sua luta pelos direitos indígenas
Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil
A Cacique Jamopoty, do povo Tupinambá de Olivença, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), tornando-se a primeira indígena da Bahia e a segunda do Brasil a ser condecorada por sua luta em defesa dos territórios e direitos indígenas. A honraria, considerada a mais alta do meio acadêmico, reconhece personalidades que se destacaram na cultura, educação e serviços à sociedade. A data da cerimônia de entrega ainda será definida pela universidade.
Líder de seu povo desde 1999, a cacique se tornou um símbolo de resistência na preservação das tradições indígenas. Em 2024, liderou o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, um artefato sagrado com mais de 300 anos, antes exposto no Museu da Dinamarca. Feito com penas vermelhas da ave guará e fibra natural, o manto representa a luta dos povos indígenas pela restituição de seus bens sagrados. Atualmente, está sob a guarda da Biblioteca do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Entre outras personalidades recentemente homenageadas com o título estão o rapper Mano Brown e a ativista Keila Simpson. Fonte: Gazeta de S. Paulo
Grafismos indígenas na moda autoral gaúcha
No dia 25, na Casa Baka, aconteceu o Lançamento da Coleção ĒG | AITSU | NÓS por Luana Kaingang, Ontxa Mehinako e Carol Biberg | Foto: Samuel Gambohan e Fluxo / Divulgação / CP
Nesta terça-feira, dia 25, às 19h, acontece o lançamento da coleção “EG | AITSU | NÓS”, assinada por Luana Kaingang, Ontxa Mehinako e Carol Biberg, na Casa Baka, em Porto Alegre. A coleção une moda, arte e cultura, tecendo histórias e afetos em cada fio. Inspirada na diversidade do Brasil, suas estampas trazem grafismos de artistas de Porto Alegre e do Xingu, criando conexões entre tradição e modernidade. Mais que vestuário, as peças são uma celebração da identidade e do pertencimento.
Com edição limitada, os modelos garantem conforto e estarão à venda no evento com preços especiais, além de ficarem disponíveis online e por encomenda posteriormente. Luana Kaingang traz a dualidade da cosmovisão Kaingang, enquanto Ontxa Mehinako traduz a memória e a tradição do Xingu em suas formas artísticas. Carol Biberg, à frente da Moldô, conecta arte e moda em peças autênticas. “EG | AITSU | NÓS” é um convite para vestir narrativas e sentir a força da diversidade indígena brasileira. Fonte: Correio do Povo
Jovem Avá-Guarani é assassinada em território alvo de ataques no Paraná
Foto: Katie Mähler/ Apib
Jessicléia Martins, jovem do povo Avá-Guarani de 17 anos, foi brutalmente assassinada a facadas dentro de seu território no tekoha Yvy Okaju, na TI Tekoha Guasu Guavirá, no Paraná. O suspeito, um homem não indígena de 67 anos, teria invadido sua casa e cometido o crime após meses de assédio. Testemunhas relataram que ele a observava antes do ataque e que Jessicléia tentou se defender, mas não resistiu aos ferimentos. A comunidade acionou o Samu, porém, a jovem morreu antes de chegar ao hospital.
O tekoha Yvy Okaju tem sido alvo de ataques constantes de fazendeiros locais, agravando a vulnerabilidade da população indígena. A demora na demarcação do território pelo Estado expõe essas comunidades a múltiplas formas de violência, incluindo racismo, misoginia e exploração. Para os missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a lógica imposta a esses povos é a eliminação por meio do assédio, abuso e assassinatos cruéis, refletindo a negligência das autoridades diante da violência contra os indígenas. Fonte: Cimi
Indígenas de 21 comunidades do Pará estão contaminados com metais pesados
Foto: Guilherme Gnipper-FUNAI
Um estudo da Universidade Federal do Pará (UFPA), coordenado pelo Dr. Reginaldo Saboia, revelou níveis alarmantes de metais pesados nos organismos dos indígenas da Terra Indígena Xikrin do Cateté, no Pará. Elementos tóxicos como chumbo, arsênio e titânio foram identificados em 99% das amostras coletadas, incluindo crianças, o que representa uma grave ameaça à saúde. O Ministério Público Federal (MPF) atribui a contaminação às atividades de mineração da empresa Vale S.A. e solicitou à Justiça Federal que a multinacional custeie o tratamento médico dos indígenas, além de exigir ações emergenciais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e da Secretaria de Meio Ambiente do Pará.
A petição do MPF destaca que a negligência do Estado em fiscalizar e mitigar os impactos ambientais tem resultado em uma emergência sanitária, além de contribuir para um processo de etnocídio. A ausência de medidas eficazes tem agravado a vulnerabilidade da população indígena, que sofre com doenças e debilitações decorrentes da contaminação ambiental. O órgão pede que a Justiça determine à Vale S.A. o fornecimento imediato de assistência médica, incluindo consultas especializadas, exames, internações e terapias, além de garantir o deslocamento dos pacientes, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
Além disso, o MPF requer que a mineradora apresente relatórios completos sobre os atendimentos médicos já prestados aos indígenas e que o Estado do Pará intensifique a fiscalização ambiental das atividades da Vale. A empresa e as autoridades federais e estaduais foram questionadas sobre suas responsabilidades, mas ainda não responderam às solicitações. A petição reforça a urgência de ações concretas para evitar um colapso na saúde da população Xikrin do Cateté e responsabilizar a mineradora pelos danos causados. Fonte: Agência Cenarium
Jovem funda startup que usa blockchain para proteger a cultura dos povos indígenas
Joeliton Vargas Moraes, fundador da IKABEN — Foto: Acervo pessoa
Joeliton Vargas Moraes, indígena do povo Kokama, sempre sonhou em empreender e criar uma loja. Esse desejo levou à fundação da IKABEN, uma startup que busca implementar blockchain para proteger a propriedade intelectual dos grafismos indígenas e garantir que os artistas e suas comunidades recebam compensações justas. A IKABEN foi uma das selecionadas no edital Elos da Amazônia, uma iniciativa que apoia o empreendedorismo científico indígena na região. Para Moraes, esses editais são essenciais para inserir os povos originários em um mercado que historicamente os exclui ou os trata como parte do passado.
Sua trajetória empreendedora começou durante a faculdade de Administração na UFAM, quando percebeu que sua ideia inicial de revender produtos externos não beneficiava sua comunidade. Ao refletir sobre a valorização da cultura indígena, decidiu usar a moda como ferramenta para contar a história do seu povo e combater a apropriação cultural. Com o apoio de um professor, desenvolveu a IKABEN dentro da sala de aula, transformando-a de uma loja de roupas com grafismos indígenas em um projeto tecnológico inovador.
Agora, com o aporte de R$ 1 milhão do edital, a startup expandirá sua atuação, garantindo a rastreabilidade e autenticidade das peças por meio do blockchain. Cada item terá um registro digital contendo informações sobre o artesão, o local de produção e o significado cultural do grafismo, assegurando que 15% do valor seja repassado diretamente à comunidade. Além disso, Moraes pretende visitar aldeias para apresentar a plataforma e facilitar o cadastro dos artistas indígenas, promovendo uma conexão mais justa e sustentável entre a arte indígena e o mercado. Fonte: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios