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Observatório Tucum
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Foto: Lucas Landau/ISA

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Número de homicídios de indígenas sobe 10% no país, mostra Atlas da Violência

Mulher indígena com placa na mão escrito "Pare de no matar", durante manifestação  — Foto: Verônica Holanda/Divulgação

Foto: Verônica Holanda/Divulgação

O Atlas da Violência 2024, divulgado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela um aumento de 10,7% nos homicídios de indígenas no Brasil em 2023, com 227 assassinatos registrados, 22 a mais que no ano anterior. As principais causas envolvem conflitos territoriais e feminicídios. Estados como Rio Grande do Sul, Pernambuco e Tocantins apresentaram aumentos expressivos nas taxas, e o Amapá lidera com a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (57,4). Um dos casos mais emblemáticos foi o de Maria Clara Batista Vieira, jovem Karipuna de 15 anos, vítima de estupro e feminicídio em Oiapoque, que gerou protestos e mobilizações indígenas por justiça.

O relatório também destaca o preocupante índice de suicídio entre indígenas, que permanece muito acima da média nacional. Em 2013, a taxa era 6,8 vezes maior entre indígenas, e mesmo com queda, em 2023 ainda era 2,4 vezes superior: 18,6 por 100 mil habitantes, contra 7,8 na média nacional. O estudo aponta que os suicídios estão relacionados a fatores como a falta de demarcação de terras, exclusão social, racismo, precariedade no acesso à saúde e impactos da violência constante.

Esses dados são o reflexo de um país que ainda insiste em ignorar os corpos e as vidas indígenas. Enquanto a demarcação de terras é adiada, e os direitos são violados dia após dia, comunidades inteiras seguem vulneráveis à violência, ao apagamento e ao abandono. Fonte: Jornal de Brasília

Violência contra mulheres indígenas mais que triplica em uma década

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Um levantamento da Gênero e Número revela um crescimento alarmante de 258% nos registros de violência contra mulheres indígenas entre 2014 e 2023, índice bem acima da média nacional de 207%. Os dados do Ministério da Saúde apontam para três tipos de violência: física, psicológica e sexual, sendo esta última a mais crítica entre mulheres indígenas, com aumento de 297%, frente a 188% no restante da população. Mais da metade das vítimas são meninas menores de 14 anos, o que configura, por lei, estupro de vulnerável. No total, 79% das vítimas indígenas são menores de idade.

O perfil dos agressores aponta majoritariamente para companheiros e ex-companheiros, revelando um padrão que se repete no país, mas que entre mulheres indígenas é agravado por uma estrutura de exclusão e racismo. A ausência de políticas de proteção eficazes, aliada à negligência institucional e à falta de acesso à justiça e à autonomia econômica, expõe essas mulheres a ciclos contínuos de violência. Os números escancaram o fracasso do Estado em garantir segurança e dignidade às mulheres indígenas, que seguem invisibilizadas mesmo dentro das legislações que deveriam protegê-las. Fonte: Carta Capital

Bahia vai sediar Festa Literária dos Povos Indígenas, de 16 a 21 de maio

Começou hoje (16) a I Festa Literária Estudantil dos Povos Indígenas do Território de Itaparica, a Flepiti, evento multicultural que movimenta até o dia 21 de maio os municípios de Paulo Afonso, Rodelas, Glória e Abaré, na Bahia. Com o tema “Memórias Opará, o rio de nossos ancestrais”, a programação é itinerante nos três primeiros dias e reúne palestras, rodas de conversa, lançamentos de livros, apresentações culturais, oficinas e cineclube. A festa é organizada pela ONG Raso da Catarina com apoio de instituições públicas e conta com curadoria de Ezequiel Tuxá e Marielson Carvalho.

A Flepiti busca valorizar e ampliar a visibilidade dos saberes dos povos originários do Território de Itaparica, promovendo o diálogo entre literatura indígena e memória ancestral. O evento também destaca a importância do rio São Francisco como elemento central da cultura e espiritualidade indígena na região. A expectativa é que a festa incentive a leitura de textos indígenas nas escolas e fortaleça a presença de autores locais em outros espaços literários. Um dos destaques é o lançamento do livro “Truká-Tupan”, da professora Eliane Rodrigues da Silva, da Aldeia Truká Tupan.

Semana Nacional de Museus

Começou nesta segunda-feira (12) a 23ª Semana Nacional de Museus, com o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”. Até o dia 18 de maio, mais de 1.000 instituições em todo o país, entre museus, centros culturais e espaços de memória,  promovem exposições, rodas de conversa e atividades educativas que abordam temas como juventude, patrimônio imaterial e novas tecnologias. A proposta da Semana é provocar reflexões sobre o papel dos museus em contextos de mudança acelerada e fortalecer iniciativas que conectam passado, presente e futuro.

Nesta semana, trazemos aqui museus criados e geridos por povos indígenas que seguem construindo, com suas próprias mãos, caminhos de autonomia, preservação e voz. 

Museu Kanindé

Fundado em 1995 no Ceará, durante um processo de luta pela afirmação étnica e pela demarcação do território do povo Kanindé. Após a promulgação da Constituição de 1988, o povo iniciou a reivindicação por seus direitos territoriais, mas enfrentou questionamentos judiciais sobre sua identidade indígena devido à perda da língua nativa, resultado das ações coloniais no Nordeste. Para comprovar sua origem, o Cacique Sotero apresentou ao juiz objetos tradicionais de sua comunidade, que se tornaram o acervo inicial do museu.

Esses objetos, reunidos ao longo da vida do cacique, representam a memória, os costumes e os modos de vida do povo Kanindé. O museu passou a desempenhar um papel central na transmissão desses saberes para as novas gerações, em articulação com a escola indígena. Atualmente, o Museu Kanindé também participa de articulações nacionais, como a Rede Indígena de Memória e Museologia Social do Brasil, sendo reconhecido como uma importante experiência museológica protagonizada por uma população indígena. 

Museu Magüta

O Museu Magüta, inaugurado em 1991 pelo povo Ticuna em Benjamin Constant (AM), é considerado o primeiro museu criado e gerido por um povo indígena no Brasil. Surgiu em meio à luta pelo reconhecimento de direitos e, em 1995, foi premiado como “Museu Símbolo” pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Sua criação está ligada à atuação do Centro de Documentação e Pesquisa do Alto Solimões: Magüta (CDPAS/MAGUTA), fundado em 1985, que apoiou os Ticuna na valorização e difusão de sua cultura, especialmente após o massacre do Capacete, em 1988.

O museu abriga uma vasta coleção de objetos e registros produzidos pelos próprios Ticuna, incluindo máscaras cerimoniais, cerâmicas, entrecascas pintadas, cestaria, tecelagens e literatura oral e escrita. Foi desenvolvido integralmente pelos indígenas, que projetaram a museografia e seguem na gestão da instituição. Com papel central na preservação e afirmação cultural, o Museu Magüta é também um importante ponto de visitação para turistas, estudantes e pesquisadores do Brasil e do exterior, atualmente sob direção do cacique Santo Cruz.

 Museu Kuahí

Localizado no Oiapoque (AP), começou a ser idealizado nos anos 1990 e foi inaugurado em 2007. Vinculado à Secretaria de Cultura do Estado do Amapá, é gerido por representantes dos povos Palikur, Galibi Kalina, Karipuna e Galibi Marworno, que se revezam na direção — atualmente liderado por Kássia Lod, primeira mulher a ocupar o cargo. A iniciativa surgiu da percepção das lideranças indígenas ao verem seus artefatos preservados em museus no exterior, enquanto localmente não havia um espaço para salvaguardar e divulgar suas memórias. Após assembleias e apoio do governo estadual, o museu começou a ser construído em 2001 em um prédio que havia sido da Funai, com apoio técnico de diversas instituições.

A gestão do Kuahí é feita hoje por 16 indígenas formados para atuar em áreas como curadoria, documentação e educação. A estrutura conta com salas de exposição, auditório, biblioteca, espaço audiovisual e uma loja com artesanato indígena, que também funciona como fonte de renda para as comunidades. Após sete anos de funcionamento, o museu precisou ser fechado para reformas estruturais e a expectativa é que seja reaberto ainda este ano. Além de preservar a cultura, o espaço é considerado estratégico para a educação e a articulação política do movimento indígena local.

Museu Nacional dos Povos Indígenas

Jardim ficará aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Reabertura gradativa era uma demanda antiga dos visitantes

 Foto: Fabio Rossi/6-6-2023

O Museu Nacional dos Povos Indígenas, anteriormente conhecido como Museu do Índio, foi fundado em 1953 pelo antropólogo Darcy Ribeiro como parte do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Inicialmente localizado no bairro do Maracanã, o museu foi transferido em 1978 para um casarão do século XIX em Botafogo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A instituição é a única no Brasil dedicada exclusivamente às culturas indígenas, com o objetivo de promover uma imagem precisa e atualizada dessas sociedades, combatendo estereótipos e preconceitos. 

O acervo do museu é composto por mais de 14 mil peças etnográficas, 16 mil publicações especializadas, 50 mil imagens em diversos formatos e aproximadamente 500 mil documentos históricos relacionados aos povos indígenas brasileiros. Além disso, o museu realiza exposições temporárias, programas educativos e projetos em parceria com comunidades indígenas, visando à preservação e divulgação de seus saberes e tradições. A instituição também conta com a Loja Artíndia, que comercializa artesanato produzido por indígenas, contribuindo para a geração de renda e valorização cultural dessas comunidades.

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