‘Memórias do Cacique’: Raoni nos fortalece e ensina a sonhar
A deputada federal Célia Xakriabá marcou presença na cerimônia de lançamento do livro, celebrando a trajetória de luta e resistência do cacique | Kamikia Kisedje/Rede Xingu+
O cacique Raoni Mẽtyktire, uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, lançou em Brasília, no CCBB, o livro Memórias do Cacique. Reconhecido por seu papel fundamental na defesa dos povos indígenas e na luta pela demarcação de terras, Raoni teve participação ativa na Constituição de 1988 e carrega décadas de ativismo. A obra resgata não só sua trajetória política, mas também aspectos da vida social, mitologia e cosmologia do povo Mẽbêngôkre-Kayapó, reunindo memórias e sonhos que atravessam gerações.
O livro foi construído em colaboração com seus netos e o antropólogo Fernando Niemeyer, que organizou a pesquisa e o roteiro das entrevistas. Os netos, que também assinam o prefácio, traduziram as memórias orais de Raoni para o português, em um processo coletivo que fortaleceu ainda mais a transmissão dos saberes ancestrais. Para eles, o livro representa uma herança cultural e espiritual, uma forma de manter viva a memória do cacique e de compartilhar seus ensinamentos com as futuras gerações Kayapó.
Além de registrar conquistas históricas, Memórias do Cacique mostra como a luta de Raoni une política, espiritualidade e sonhos. Ele destaca que o desmatamento ameaça não apenas árvores, mas todo um universo de espíritos que garantem o equilíbrio da vida. Assim, sua biografia nos convida a repensar nossa relação com a natureza e a aprender a sonhar como caminho de transformação e resistência. Fonte: ISA
Memórias do Cacique já está disponível na plataforma Tucum, clique aqui
Cuidar dos territórios indígenas na Amazônia beneficia a saúde humana, aponta estudo
Foto: FG Trade/Getty Images
Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, da Nature, mostrou que proteger territórios indígenas e áreas com alta cobertura vegetal na Amazônia está diretamente ligado a menores taxas de doenças, como malária, Chagas, condições respiratórias e cardiovasculares. A análise, feita em 1.733 municípios dos oito países da região, concluiu que comunidades próximas a florestas preservadas apresentam índices consistentemente mais baixos de enfermidades. Os pesquisadores destacam que as florestas atuam como uma barreira natural contra riscos associados a queimadas, insetos e contato com animais, além de funcionarem como fonte de saúde coletiva para milhões de pessoas.
Por outro lado, o desmatamento e as queimadas ampliam o risco de doenças graves, causam milhares de mortes prematuras e agravam a crise de saúde pública na Amazônia. O estudo aponta que apenas a floresta brasileira poderia evitar até 15 milhões de casos de infecções respiratórias e cardiovasculares, reforçando que os territórios indígenas são fundamentais não só para a biodiversidade e o equilíbrio climático, mas também para a saúde humana. Os resultados mostram que a manutenção da floresta com proteção legal e o fortalecimento dos direitos indígenas são estratégias essenciais para enfrentar as mudanças climáticas e reduzir riscos sanitários. Fonte: Veja
Tucum Brasil comemora 12 anos de valorização das artes indígenas do Brasil
A Tucum Brasil nasceu há 12 anos da experiência pessoal de sua fundadora, Amanda Santana, que em 2009 conheceu os povos Kayapó e Krahô e se inspirou na força e na beleza de sua arte. A partir dessa vivência, surgiu a missão de aproximar pessoas da cultura indígena, promovendo autonomia, visibilidade e valorização dos povos originários por meio do artesanato e do conhecimento ancestral. Desde então, a Tucum se consolidou como um espaço de resistência e construção coletiva, reconhecendo a arte indígena como tecnologia de vida e futuro.
Mulheres de comunidades ribeirinhas da Amazônia, especialmente às margens do Rio Arapiuns, no Pará
Em 2024, a Tucum alcançou marcos importantes, fortalecendo mais de 4.800 artesãos em 106 territórios indígenas e áreas protegidas, a maioria mulheres, e contribuindo para a preservação de 2,9 milhões de hectares de floresta. Ao celebrar 12 anos, a organização reafirma seu compromisso com a valorização cultural, a autonomia indígena e a sustentabilidade, convidando cada vez mais pessoas a se unirem a este movimento, reconhecendo o protagonismo dos povos indígenas e garantindo um futuro mais justo e florestas em pé.
Associação indígena do Amapá vence prêmio global de sustentabilidade da ONU
Associação indígena do Amapá vence prêmio global de sustentabilidade — Foto: Uasei/Divulgação
A Associação Uasei dos Povos Indígenas de Oiapoque, no Amapá, foi uma das dez vencedoras do Prêmio Equator 2025, promovido pelo PNUD, entre mais de 700 indicações do mundo todo. Fundada em 2022, a Uasei reúne quatro povos indígenas com o objetivo de transformar a cadeia produtiva do açaí, eliminando intermediários e garantindo o protagonismo indígena no comércio do fruto. A iniciativa alia saberes tradicionais e técnicas modernas de manejo sustentável, além de ter criado a primeira agroindústria em terras indígenas do estado, processando o açaí em polpa, pó liofilizado e, futuramente, sorvete.
Com gestão democrática e participação ativa de mulheres e jovens, a Uasei também inaugurou o Empório Uasei, espaço que comercializa artesanato e derivados do açaí, valorizando a cultura local e atraindo turistas. A conquista do prêmio reforça a liderança histórica do Brasil na Equator Initiative, que já soma 24 iniciativas premiadas em 23 anos, e dá visibilidade internacional a projetos comunitários que unem geração de renda, preservação ambiental e fortalecimento cultural. Fonte G1
Plataforma gratuita reúne curtas-metragens premiados sobre vidas indígenas
Uma nova plataforma gratuita reúne 31 curtas-metragens premiados que retratam as vidas e histórias dos povos indígenas brasileiros. Disponível online, a mostra foi lançada em agosto de 2025 pelo Museu da Pessoa, como parte da 5ª Mostra Audiovisual Vidas Indígenas. Os filmes foram produzidos a partir de entrevistas do acervo do museu, realizadas por meio do programa Patrimônios Imateriais e Vidas Indígenas. Cada realizador teve acesso ao catálogo e pôde escolher a história de vida que desejava transformar em narrativa audiovisual. As obras estão disponíveis em mostra.museudapessoa.org
As produções abordam temas como resistência, memória e ancestralidade, oferecendo uma perspectiva autêntica e direta dos povos originários. A plataforma visa ampliar o alcance dessas obras, celebrando a diversidade e a potência do audiovisual como ferramenta de memória, identidade e resistência dos povos indígenas. Acesse gratuitamente e conheça essas histórias que fortalecem a voz e a presença indígena no cenário cultural brasileiro. Fonte: AlmaPreta
Indígenas pressionam governo por retirada completa de garimpeiros da terra Munduruku
Assembleia dos Munduruku — Foto: Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ
Mais de 300 caciques e lideranças Munduruku do Alto Tapajós, no Amazonas, entregaram uma carta ao governo cobrando a manutenção das operações de retirada de garimpeiros invasores em seu território. O documento foi apresentado durante a V Assembleia do Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ, na aldeia Caroçal Cururu, e denuncia que, mesmo após a desintrusão realizada em 2024, invasores retornaram à região, estimulados pela alta do ouro, enquanto a Funai permanece sucateada e sem estrutura adequada.
Os Munduruku também relatam agravamento da insegurança alimentar, falta de assistência médica, desnutrição infantil e casos de contaminação por mercúrio. Eles pedem um cronograma de retomada das ações, presença permanente de fiscalização, proteção das lideranças ameaçadas e planos de vida que ofereçam alternativas ao garimpo ilegal, garantindo segurança alimentar, hídrica e cultural às comunidades.
O encontro contou com a presença de secretários, diretores e coordenadores de três ministérios (Povos Indígenas, Meio Ambiente e Direitos Humanos) e da Funai. A Terra Indígena Munduruku possui 2,4 milhões de hectares, abrigando mais de 9,2 mil indígenas, e a comunidade reforça que é urgente garantir a efetividade das políticas de proteção ao território. Fonte: O Globo