São Paulo x Altamira: a batalha invisível das emissões de carbono
De um lado, a capital do estado de São Paulo, a cidade com a maior população das Américas e uma frota de veículos na casa dos milhões. Do outro, a maior do Brasil em área, no meio da Amazônia, e campeã em desmatamento. Qual das duas emite mais gases do efeito estufa?
São Paulo e Altamira estão entre os maiores emissores de carbono do Brasil, mas por razões muito diferentes. Enquanto a capital paulista concentra suas emissões principalmente no setor de transportes, devido à sua frota milionária de veículos, Altamira, no Pará, lidera pelo desmatamento em larga escala, sendo o maior município do país em área e campeão na perda de floresta desde 2008, segundo o Inpe.
Foto: Evaristo Sá/AFP
Embora pareça óbvio que São Paulo emitiria mais gases de efeito estufa por seu tamanho populacional e urbano, os números mostram o contrário. A Amazônia Legal guarda um dos maiores estoques de carbono do planeta, com 49 bilhões de toneladas, e cada árvore derrubada transforma a floresta de aliada em inimiga do clima, liberando mais carbono do que absorvendo. Estudos já indicam que regiões da Amazônia, como o sudeste do Pará, estão emitindo mais carbono do que armazenando.
Em 2023, o desmatamento em Altamira foi tão intenso que suas emissões superaram as de São Paulo: 1,5 vez maiores, mesmo com a capital paulista abrigando quase 12 milhões de habitantes. A comparação revela como a destruição da floresta pesa mais nas contas do clima global do que milhões de veículos em circulação, reforçando a urgência de frear a devastação amazônica. Fonte: Infoamazonia
MPI garante a maior delegação indígena da história das COPs
Foto: Mre Gavião | Ascom MPI
No primeiro dia da etapa estadual do Ciclo COParente, em Manaus, a ministra dos Povos Indígenas anunciou que 360 representantes indígenas brasileiros terão credenciais para a Zona Azul da COP30, em Belém. O número representa a maior delegação indígena da história das conferências climáticas da ONU, superando inclusive a participação global de povos indígenas registrada na COP28 em Dubai. As vagas foram definidas após seis meses de mobilização e consultas realizadas pelo MPI junto à APIB e demais organizações indígenas, ajustando a expectativa inicial de 500 credenciais.
A Zona Azul é o espaço central das negociações oficiais da COP, onde são elaborados os documentos finais. Segundo a ministra Sonia Guajajara, o cálculo do número de credenciais foi definido pela Secretaria Executiva da COP30 e pela Secretaria-Geral da Presidência, em diálogo com o governo federal. Apesar da redução em relação ao solicitado, a presença indígena deve se aproximar de mil participantes ao todo, contando com servidores, organizações parceiras e representantes de outros países, fortalecendo frentes de resistência contra setores como mineração e petróleo.
No Amazonas, estado com a maior população indígena do Brasil, três etapas do COParente foram realizadas, contemplando diferentes calhas de rios e regiões. Lideranças destacaram a importância do processo para preparar representantes, especialmente os jovens, para a linguagem técnica exigida na ONU e para discutir temas como demarcação de territórios, financiamento direto e estratégias de bioeconomia. A formação busca unir saberes tradicionais e conhecimento político, ampliando a força indígena nos debates internacionais e garantindo maior qualificação para incidir nas decisões da COP30. Fonte: MPI
Com financiamento milionário do Banco do Brasil, empresa ligada a “bet” desmatou terras indígenas no Maranhão
Mayke Toscano/Gcom-MT
A Terra Indígena Porquinhos, no Maranhão, abriga o povo Canela Apãnjekra, que vive sob crescente pressão de fazendeiros e empresas. Embora parte da terra tenha sido demarcada nos anos 1970, a maior porção segue pendente, permitindo invasões e desmatamento acelerado. O ancião Pio Silveira recorda os tempos em que a caça era abundante e denuncia a destruição provocada por monocultivos, carvoarias e a chegada de empreendimentos privados. Hoje, a caça e os recursos naturais estão escassos, afetando diretamente a subsistência e os rituais que sustentam a vida cultural e espiritual do povo.
O ancião Pio Silveira reflete com apreensão sobre as transformações pelas quais seu território vem passando. Foto Tiago Miotto
A região está dentro do Matopiba, fronteira agrícola marcada pela expansão do agronegócio. Empresas como a FMJ União Agrícola do Nordeste compraram áreas sobrepostas às TIs Porquinhos e Kanela Memortumré e promoveram grande desmatamento, com o aval de licenças estaduais e financiamento milionário do Banco do Brasil. Só na fazenda Vale Verde, totalmente sobreposta a território indígena, foram desmatados mais de 2 mil hectares após um crédito de R$ 3 milhões para plantio de milho transgênico. O caso expõe contradições: mesmo reconhecidas como terras indígenas, mas não homologadas, essas áreas continuam liberadas para crédito agrícola, legalizando a destruição.
Além disso, os negócios se cruzam com o mercado das apostas esportivas. Entre os sócios da FMJ estava André Feldman, empresário ligado à Big Brazil, operadora da marca Caesars Entertainment no Brasil, que defendia transformar o país em uma “Las Vegas” das bets. A entrada de capital desse setor, aliado a investidores do Sudeste, transformou a compra de terras indígenas em uma oportunidade especulativa e de alto lucro. Para os Apãnjekra, a demora na demarcação mantém viva essa pressão, ameaçando não apenas sua sobrevivência física, mas também a integridade de sua cultura e a preservação de um dos biomas mais importantes do país. Fonte: O Joio e o Trigo
Festa Ibeji Curumins na Casa Tucum
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📍 Casa Tucum
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Senado debate atendimento especializado a mulheres indígenas vítimas de violência
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A Comissão de Direitos Humanos do Senado debateu o Projeto de Lei 4381/2023, que prevê atendimento especializado para mulheres indígenas vítimas de violência doméstica e sexual, além da criação da Semana da Mulher Indígena em abril. A proposta, relatada pela senadora Augusta Brito (PT-CE), busca garantir protocolos de atendimento humanizados e adaptados às especificidades culturais e linguísticas das indígenas, reconhecendo as barreiras que enfrentam ao acessar delegacias e órgãos de justiça.
Durante a audiência pública, lideranças indígenas reforçaram a importância de protocolos específicos e do respeito às línguas maternas, já que muitas mulheres não conseguem se comunicar em português. Maria Aureni Fulni-ô, representante do povo Fulni-ô, ressaltou que os casos de violência contra mulheres e meninas indígenas são numerosos, mas permanecem invisibilizados, exigindo políticas públicas concretas e acessíveis.
As participantes também destacaram a necessidade de previsão orçamentária para a execução das medidas propostas. Segundo elas, embora haja iniciativas de proteção, a falta de recursos impede que cheguem às comunidades. Além disso, defenderam a participação ativa das próprias mulheres indígenas na formulação das políticas, garantindo que sejam eficazes, respeitosas e condizentes com suas realidades. Fonte: Radio Senado