O que esperar da Cúpula dos Povos em Belém?
Falta apoio e hospedagem ao evento que ocorrerá em paralelo à COP 30, onde movimentos populares serão protagonistas. Lideranças contam como se organizarão, suas bandeiras, os entraves para receber cerca de 15 mil indígenas e ativistas e seu projeto de cozinha solidária
Cúpula dos Povos é um espaço de grupos historicamente excluídos das mesas de negociações climáticas. Foto: Ascom Cúpula.
A Cúpula dos Povos por Justiça Climática acontecerá em Belém, de 12 a 16 de novembro, paralelamente à COP30, reunindo entre 15 e 20 mil pessoas de mais de 1,1 mil organizações populares do Brasil e do mundo. O evento é um espaço histórico de mobilização de movimentos sociais, povos indígenas, comunidades tradicionais, camponeses, juventudes e defensores de direitos humanos que reivindicam participação efetiva nas decisões sobre clima, território e justiça socioambiental.
Apesar da relevância internacional, a organização enfrenta grandes desafios logísticos, como a falta de apoio dos governos do Pará e de Belém para hospedagem e infraestrutura. Com preços abusivos de hotéis e atrasos na liberação de espaços públicos, a solução encontrada foi alugar galpões próximos à Universidade Federal do Pará para abrigar cerca de 7 mil participantes e montar cozinhas coletivas. Só recentemente o governo federal confirmou apoio parcial, garantindo alimentos para 30 mil refeições diárias por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Defesa da terra, do território e da natureza
As lideranças denunciam dificuldades de diálogo com o governo estadual, ao mesmo tempo em que defendem o caráter popular da Cúpula. Para elas, a realização do evento na Amazônia é estratégica, pois a região está no centro de disputas globais devido à exploração mineral, expansão do agronegócio, hidrovias e megaprojetos energéticos. A escolha de Belém simboliza a resistência dos povos da floresta e a urgência de defender territórios diante das pressões econômicas.
Falsas soluções climáticas
As discussões da Cúpula também se voltam contra as “falsas soluções climáticas”, como o mercado de carbono e projetos de compensação ambiental que, segundo movimentos sociais, mercantilizam a natureza e violam direitos territoriais. Denúncias recentes no Pará expõem contratos de créditos de carbono assinados sem consulta a comunidades locais, além de riscos de especulação financeira e perda de autonomia dos povos.

Ao contrário da COP30 oficial, centrada em negociações entre governos e corporações, a Cúpula dos Povos propõe soluções concretas baseadas na economia solidária, agroecologia, soberania alimentar e autonomia territorial. O evento terminará com uma grande celebração popular em Belém, com partilha de alimentos produzidos nos territórios, simbolizando a construção coletiva de alternativas reais à crise climática, lideradas por quem historicamente protege a vida e mantém a floresta em pé. Fonte: OutrasMidias
Encerramento da Residência Artística Indígena reúne obras e diálogos no MAM Rio

Nesta sexta-feira, 24 de outubro, das 9h às 16h, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) recebe a mostra Casa Escola Viva, que marca o encerramento da residência artística indígena realizada pela plataforma Selvagem. O evento acontece no Bloco Escola do MAM e é gratuito, aberto ao público e sem necessidade de agendamento. A mostra reúne obras produzidas durante o período de residência e proporciona ao público a oportunidade de conhecer criações que expressam a força, a memória e os saberes ancestrais indígenas, entre elas, trabalhos do artista Ivan Tukano, além de diálogos com artistas participantes e coordenadores do projeto.
Ao longo de duas semanas, dez artistas indígenas, dois representantes de cada uma das Escolas Vivas , viveram um processo intenso de convivência, experimentação e criação coletiva no Rio de Janeiro. A residência promoveu trocas de saberes, práticas visuais e reflexões sobre território, identidade e arte indígena contemporânea. O evento de encerramento celebra esse encontro criativo e reforça a potência da arte como caminho de educação, resistência cultural e diálogo entre mundos.
Mais de 45 indígenas são resgatados de condições análogas à escravidão no PR após saírem de aldeias por promessa de trabalho

Vítimas saíram de Mato Grosso do Sul e foram abandonadas em alojamento no Paraná, sem salários. Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho
Em Itambé, no norte do Paraná, 57 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão, entre eles 46 indígenas Guarani Kaiowá recrutados no Mato Grosso do Sul. Eles foram contratados pela empresa terceirizada Manutec para trabalhar na Usina Renuka Vale do Ivaí no corte de cana, mas foram abandonados sem salário, alimentação, transporte e itens básicos de higiene. Os trabalhadores viviam em alojamentos precários, sem condições sanitárias, acumulando lixo e sem registro em carteira. Alguns ainda contraíram doenças, como um homem que foi hospitalizado após ser picado por uma aranha.
Segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, o grupo caiu em um esquema de servidão por dívida. Antes de viajar, foram obrigados a comprar itens em um mercado com a promessa de desconto futuro no salário, criando uma dívida estimada em R$ 45 mil. Após o rompimento do contrato entre a Manutec e a usina, os trabalhadores foram impedidos de entrar no canavial e deixados para trás no alojamento, sem qualquer apoio. A usina Renuka se comprometeu com o Ministério Público do Trabalho a pagar salários e verbas rescisórias, enquanto as autoridades apuram responsabilidades criminais e danos morais coletivos.

Alojamentos não tinham espaço adequado e acumulavam lixo. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho
A Manutec afirma que rompeu com a usina em outubro devido à inadimplência da contratante e diz ter denunciado a situação às autoridades antes da operação de resgate. Já o Ministério Público do Trabalho não confirmou quem fez a denúncia. Este foi o maior resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão no Paraná nos últimos anos, segundo o governo federal. As vítimas serão encaminhadas de volta às suas comunidades, e denúncias semelhantes podem ser feitas de forma anônima pelo Sistema Ipê, da Organização Internacional do Trabalho. Fonte G1
Maloca indígena sagrada é destruída por incêndio criminoso em RO

Maloca da Aldeia Puruborá é destruída em incêndio criminoso, segundo lideranças — Foto: Reprodução

