Célia Xakriabá após ser atingida por gás de pimenta em manifestação
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Na noite de 10 de abril, a deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) foi atingida por gás de pimenta durante uma manifestação do Acampamento Terra Livre (ATL) em frente ao Congresso Nacional. Em vídeo publicado após o ocorrido, Célia relata ter passado mal, sido impedida de retornar à Câmara, agredida e constrangida pelas forças de segurança, necessitando de atendimento médico. Ela acusa a Polícia Legislativa e a Polícia Militar do Distrito Federal de violência contra ela e outras lideranças indígenas, classificando o episódio como exemplo de racismo institucional, violência política de gênero e repressão do Estado aos povos originários.
Foto: Richard Wera/Apib
O confronto entre policiais e manifestantes ocorreu após alegações de que indígenas teriam derrubado gradis e avançado para o gramado do Congresso — versão que não é confirmada pelos organizadores do ATL. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) condenou o uso de bombas químicas contra mulheres, crianças, idosos e lideranças, afirmando que o Congresso, além de aprovar leis inconstitucionais, agora também reprime fisicamente os povos indígenas e seus representantes eleitos. O caso reacende o debate sobre o espaço dos povos indígenas na política institucional e os limites da democracia brasileira. Fonte: Diário de Pernambuco
ACAMPAMENTO TERRA LIVRE 2025
Foto: Jacqueline Lisboa / WWF-Brasil
A maior mobilização indígena do país começou dia 7 no Eixo Cultural Ibero-Americano – Funarte, em Brasília (DF). Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o evento deste ano celebra duas décadas de luta e resistência da organização, sob o tema "APIB Somos Todos Nós: Em Defesa da Constituição e da Vida", reforçando o empenho dos mais de 300 povos indígenas em garantir os seus direitos previstos na Constituição Federal, promulgada em 1988.
O ATL 2025 tem como foco principal a defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas, destacando a importância da união e resistência frente às ameaças atuais. Além disso, o evento servirá como plataforma para articular a participação indígena na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (PA). As lideranças indígenas pretendem ocupar o centro das discussões climáticas, exigindo acesso direto a financiamentos, salvaguardas e uma transição energética justa.
Célia Xakriabá protocola 4 projetos de lei em defesa dos povos indígenas
crédito: Kayo Magalhaes/Câmara dos Deputados
Durante a celebração dos 21 anos do Acampamento Terra Livre (ATL) e os 20 anos da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) protocolou quatro projetos de lei voltados à proteção e valorização dos povos indígenas. A sessão solene aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados e reuniu cerca de 300 indígenas, contando com a presença de importantes lideranças, como o cacique Raoni, e autoridades como as ministras Sônia Guajajara e Macaé Evaristo, além da presidente da Funai, Joênia Wapichana.
Os projetos apresentados abordam temas centrais para os direitos e o bem-estar dos povos originários. O PL 1527/2025 combate a violência obstétrica contra mulheres indígenas, valorizando práticas tradicionais de parto. O PL 1528/2025 propõe um seguro climático para comunidades afetadas por eventos extremos. Já o PL 1529/2025 prevê o reconhecimento da denominação de origem de produtos indígenas, enquanto o PL 1530/2025 propõe a criação de um fundo de incentivo à agroecologia e ao extrativismo sustentável.
Durante a sessão, a deputada Célia Xakriabá reforçou a necessidade de políticas que apoiem práticas sustentáveis e valorizem quem cuida da terra. “Quem alimenta o povo merece orçamento, não bala”, declarou. O cacique Raoni também deixou sua mensagem, incentivando a nova geração indígena a continuar lutando pelos seus direitos e pelo território: “Continuem lutando, que tenham força”. Fonte: Correio Braziliense
“Cada pedaço de terra tem sangue nosso”: povo Pataxó enfrenta violência e abandono no Extremo Sul da Bahia
Pataxó fecharam a BR-101, no dia 21 de março, em protesto contra a truculência policial após a Operação Pacificar/Leandro Barbosa/ISA
No extremo sul da Bahia, o povo Pataxó enfrenta uma escalada de violência em suas terras tradicionais, como a TI Barra Velha do Monte Pascoal. Em março de 2025, uma operação policial com 150 agentes resultou na prisão de 11 indígenas, gerando protestos e bloqueios nas rodovias. Lideranças como o cacique Suruí Pataxó denunciam perseguições e criminalização das retomadas, alegando que os Pataxó estão apenas ocupando territórios que lhes pertencem por ancestralidade. A operação ocorreu dias após uma comitiva indígena ir a Brasília pedir a assinatura da portaria declaratória da terra, o que levantou suspeitas de retaliação política.
A repressão atual é vista como a continuidade de um histórico de violências, especialmente após a demarcação parcial feita durante a ditadura militar, que excluiu grande parte do território tradicional dos Pataxó. Desde então, os indígenas vêm realizando autodemarcações e enfrentando resistência por parte de fazendeiros e autoridades locais. A retomada da área sobreposta ao Parque Nacional do Monte Pascoal reacendeu os conflitos, agravados por decisões políticas e jurídicas que retardam a regularização fundiária. Apesar de um relatório técnico aprovado pela Funai e da determinação judicial para concluir o processo, o Ministério da Justiça ainda não assinou a portaria.
Cacique Binho mostra marca de um dos tiros que já o atingiram 📷 Leandro Barbosa/ISA
Em meio a esse cenário, os Pataxó voltaram a Brasília durante o 21º Acampamento Terra Livre para denunciar a violência e a omissão do Estado. Lideranças relatam frustrações com reuniões com o governo federal, como o encontro com o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, descrito como apressado e insensível. A indignação cresce diante da falta de respostas concretas, enquanto assassinatos e ameaças continuam. De 2013 a 2024, ao menos 74 indígenas foram mortos no contexto da luta pela terra no sul da Bahia, incluindo crianças e adolescentes, o que reforça a urgência da demarcação.
Diante da inércia do Estado brasileiro, os Pataxó recorreram à esfera internacional. Em março de 2025, entregaram à ONU um dossiê denunciando violações sistemáticas, incluindo o envolvimento de milícias e conivência de agentes públicos. O documento acusa a atuação coordenada de fazendeiros, grileiros e narcotraficantes contra as comunidades indígenas e cobra apoio internacional para garantir a proteção das lideranças e a conclusão do processo de demarcação. “A ONU foi o último caminho que encontramos para dizer: estão matando nosso povo”, declarou Uruba Pataxó, expressando o desespero de quem há décadas luta por justiça e pelo direito à sua terra. Fonte: ISA
Organização de Mulheres Indígenas do povo Mura lança documentário que denuncia as constantes ameaças em seu território
Organização das Mulheres Mura (Omim). Foto: Ranyele Mura
No dia 30 de março de 2025, a aldeia Murutinga Tracajá, território do povo Mura no Amazonas, foi palco do lançamento do documentário Mulheres Indígenas e Território, uma iniciativa da Organização de Mulheres Indígenas Mura (Omim) em parceria com o Cimi. O filme retrata a luta das mulheres Mura pela preservação de seus territórios e modos de vida, frente às ameaças do desmatamento, da invasão de fazendeiros e da criação extensiva de búfalos, que têm causado escassez de caça, pesca e alimentos tradicionais. Para lideranças como a professora Amélia Mura, a falta de demarcação da terra representa não só um problema ambiental, mas um apagamento cultural e um verdadeiro extermínio da identidade do povo Mura.
A obra também denuncia a omissão da Funai e do governo federal em finalizar o processo de demarcação de Murutinga Tracajá, apesar dos constantes apelos das comunidades. Com mais de 470 famílias vivendo no território, as mulheres da Omim reafirmam a terra como fonte de vida, cultura e autonomia. Para Milena Mura, coordenadora da Omim, o lançamento do filme é um marco histórico e um chamado à resistência coletiva das mulheres indígenas que, mesmo invisibilizadas, sempre estiveram na linha de frente da luta pelos seus direitos. O documentário amplia essa visibilidade e reforça a urgência da demarcação como caminho para a sobrevivência física e cultural do povo Mura. Fonte: Cimi
Lula condecora Cacique Raoni com a mais alta honraria do Estado brasileiro
No dia 4 de abril de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a mais alta condecoração da diplomacia brasileira, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, ao Cacique Raoni Metuktire. A cerimônia ocorreu na Aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina (MT), e contou com a presença de diversas lideranças e autoridades, como a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento marcou um momento simbólico de reconhecimento à trajetória de Raoni na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas, além de abrir espaço para o diálogo sobre a demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhĩnore, reivindicada há décadas pelos povos Caiapó e Yudjá.
Durante a visita, Lula reafirmou o compromisso do governo com a demarcação dos territórios indígenas e ouviu as demandas das lideranças do Xingu. Sonia Guajajara explicou que, embora o processo de identificação da TI Kapôt Nhĩnore já tenha sido publicado, ele enfrenta contestações que estão sendo analisadas pela Funai antes de seguir para o Ministério da Justiça e, posteriormente, para homologação presidencial. A ministra classificou o momento como histórico, ressaltando a importância do encontro entre duas grandes lideranças globais, Lula e Raoni, e o reforço ao compromisso institucional com a causa indígena.
O Cacique Raoni, conhecido mundialmente por sua luta em defesa da floresta e da cultura indígena, destacou que sua trajetória e a do presidente Lula compartilham o mesmo objetivo: proteger e cuidar das pessoas e da terra. Em sua fala, reforçou o papel de exemplo que ambos representam para futuras gerações. A Terra Indígena Kapôt Nhĩnore, território de origem do subgrupo Mẽtyktire, do qual Raoni faz parte, é considerada sagrada e estratégica para a preservação das tradições Caiapó. A demarcação dessa terra é vista pelas lideranças como um passo fundamental para garantir os direitos constitucionais e a continuidade dos modos de vida tradicionais. Fonte: MPI
Alice Pataxó é a nova embaixadora da Tucum
foto: @levitapuia e @kaue_terena
É com alegria que anunciamos que a ativista e comunicadora indígena Alice Pataxó é a nova embaixadora da Tucum. Reconhecida internacionalmente por sua atuação em defesa dos direitos indígenas e da preservação ambiental, Alice foi destacada pela BBC como uma das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022. Natural da Aldeia Tibá, na Terra Indígena Comexatibá (BA), ela iniciou sua jornada no ativismo ainda na adolescência e, desde então, tem utilizado sua voz para fortalecer a cultura indígena e denunciar injustiças socioambientais.
A parceria com Alice Pataxó fortalece ainda mais nossa missão de valorizar e promover a cultura indígena. Juntos, vamos trabalhar para ampliar a visibilidade dos povos originários e suas expressões culturais, contribuindo para a construção de um futuro mais justo.
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A arte é uma das grandes ferramentas de manutenção e re-existência das culturas. Seja um aliado na valorização das artes indígenas!
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